Resenha - Reforma urbana e Revolta da vacina
Reforma Urbana e Revolta da Vacina na cidade do Rio de Janeiro,
De Jaime Benchimol
Durante o século XIX, um discurso higienista vai se propagar na cidade do Rio de Janeiro. Esse discurso era pautado no ataque às moradias populares, que seriam focos de disseminação de doenças, e na realização de intervenções na cidade, o que vai culminar com a demolição dos cortiços e com a reforma urbana.
O governo verificou que era necessário destruir grande parte da cidade para fazê-la de novo, eliminando a “feiura” e a insalubridade das ruas. Em apenas três anos, milhares de pessoas foram desalojadas de suas habitações, cerca de dois mil prédios foram demolidos e, ao mesmo tempo, várias obras voltadas para o saneamento e o embelezamento da cidade foram realizadas.
O Rio de Janeiro sofreu uma intervenção que alterou sua estrutura e que repercutiu nas condições de vida da população. Além das desapropriações feitas em massa, o governo criou um projeto moralizador, com leis que coibiam e disciplinavam as ações das classes populares.
O discurso que vai se propagando contra as moradias tinha também um outro fundo. A partir do século XVIII, algumas classes sociais começaram a ser tidas como “classes perigosas”, que deveriam ser controladas. Havia o tempo todo uma relação tensa entre as autoridades policiais e a população de baixa renda. Os escravos que trabalhavam nas cidades, muitas vezes, conseguiam alugar um quarto nos cortiços, assim como alguns escravos fugidos. A presença dos escravos nos cortiços fez com que a invasão da força policial nessas moradias se tornasse recorrente. Ou seja, esse tipo de hostilidade com a população dos cortiços tinha começado em um passado recente e permanecia nos primeiros anos de República.
O Estado Republicano incorporou, de certa forma, o papel do feitor. O Estado incorporou a violência com a qual os senhores de engenho tratavam os escravos e a institucionalizou. O tratamento que davam às classes populares não era um tratamento