resenha - razão do populismo
Ernesto Laclau em sua obra "A Razão Populista" busca propor uma dicotomia entre o institucionalismo e o populismo. Para o autor, o populismo, como o conjunto de práticas políticas que estabelecem uma relação direta entre as massas e o líder político sem o intermédio de entidades de classes ou partidos, representeou um elemento basilar no que diz respeito à construção de governos populares e nacionais na América Latina e foi extremamente positivo para o estabelecimento da democracia na região. Os extremos na dicotomia entre populismo e institucionalismo seriam, portanto, de um lado a crença liberal na invariabilidade do campo institucional e, de outro lado, uma política baseada no protesto "autorreferente".
É possível notar que, ao longo da introdução e do primeiro capítulo de sua obra, que Laclau se dedica a a revisar conceitualmente a literatura sobre o populismo visto não apenas como conjunto de práticas políticas, mas como uma categoria de análise política, revisando e criticando algumas teorias consideradas "fracassadas" sobre o tema . Para Laclau, o populismo é "um modo de construir o político" (página 11), isto é, uma lógica de manifestação política em que se adensa significados visando reduzir a complexidade de uma esfera pública que está inserida na esfera pública e contida na formação das identidades coletivas. Assim, o cerne de seu livro é representado pela lógica da formação de identidades coletivas e o grupo em si como uma unidade básica da análise social, visto que Laclau assume um papel de analista da construção do discurso popular.
Laclau interpreta o populismo como um elemento preexistente ao político: o populismo, na realidade, viabiliza o político como uma construção do discurso de identidade coletiva que deixa um "espaço vazio" a ser preenchido. Este "espaço vazio" está relacionado, segundo o ator, ao conceito das "demandas sociais", que representam pequenas divisões de uma estrutura