Resenha: "olhos azuis"
Por Dimas José Neto.
A segregação racial bem como as outras formas de discriminação, sejam elas, sexual, homofóbica, religiosa e etc, são atos persistentes na sociedade moderna, apesar de todos serem equiparáveis perante as leis, independentemente de suas características fenotípicas.
Neste sentido, o cotidiano social imprime um modelo ideológico de inferioridade racial, por exemplo, cita-se as telenovelas, onde tem-se a figura da moça negra como empregada obediente as ordens da patroa de pele branca.
O documentário “Olhos Azuis” ( Blue Eyes ) aborda de forma impactante e com exímio rigor justamente esta questão da discriminação e do abalo emocional das pessoas por ela afetada. O vídeo é interessante e ao mesmo tempo instigador, retratando um exercício desenvolvido pela pedagoga norte-americana Jane Elliott, em que o objetivo era fazer com que as pessoas menos impactadas pelo preconceito sofram na própria pele as angústias e indiferenças pelo simples fato de possuírem uma característica externa não escolhida por elas.
No início os voluntários são subdivididos em dois grupos, um de pessoas com olhos azuis e o outro composto de pessoas de olhos castanhos. Os olhos azuis foram encaminhados propositalmente para uma sala abafada e sem estrutura, para ficarem fatigados e abalados psicologicamente, ao passo que as pessoas de olhos castanhos foram para outra sala e receberam instruções de como tratar os olhos azuis. Assim, o grupo de olhos castanhos foi escolhido para ser superior e o de olhos azuis para serem ridicularizados, tendo como critério de distinção apenas a coloração dos olhos, assim como no racismo é a coloração da pele.
Na seqüência os dois grupos se juntam numa mesma sala, onde os olhos azuis são submetidos a situações de inferioridade pela professora, gerando um estado de estresse e desconforto, fazendo com que eles sintam-se frágeis e impotentes retrocedendo-se pois, ao seu estado de “ego-infantil”.
É interessante ressaltar como as