Resenha livro prometeu acorrentado
Prometeu desacorrentado: transformação tecnológica e desenvolvimento*
Paulo Roberto de Almeida**
* LANDES, DAVID S. Prometeu desacorrentado: transformação tecnológica e desenvolvimento industrial na Europa ocidental, de 1750 até os dias de hoje (2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2005, 628 p.)
** Diplomata de carreira e Doutor em Ciências Sociais (pralmeida@mac.com). As opiniões expressas no presente texto são exclusivamente as de seu autor.
O título do livro, em português, é impreciso: trata-se de um Prometeu unbound, isto é liberado, não unchained. Isso não muda o valor da segunda edição deste clássico, agora com novo prefácio e epílogo; no resto, o livro permanece igual ao texto de 1969, originalmente um ensaio da Cambridge
Economic History (1965). David Landes, emérito de
Harvard, já tinha feito um complemento a Adam
Smith, em A riqueza e a pobreza das nações
(Campus, 1998), superbo nos desenvolvimentos globais, mas falho no que toca à América Latina e ao Brasil, vistos pela ótica enviesada da (“esqueçamo- que-escrevi”) teoria da dependência de FHC.
O titã liberado refere-se ao sistema fabril: seu aparecimento, na Inglaterra, chocou Marx, que condenou a vil exploração do proletariado. Ele ainda não tinha visto nada, pois a China, até ali a maior economia, modorrava na imobilidade industrial, só voltando a praticar a abjeta exploração mais de dois séculos depois. Hoje, as fábricas chinesas não se distinguem, pelas condições de trabalho, das manufaturas de Manchester do século XIX, mas as marcas são ocidentais. A história é européia, mas esse Prometeu desajeitado que é a grande indústria leva seus grilhões ao mundo, o que desespera os antiglobalizadores, mas encantaria Marx, que confiava no papel revolucionário do capitalismo para destruir as “muralhas da China”, o despotismo asiático e os reinos bárbaros do Oriente.
A China, a Índia e as nações islâmicas fracassadas do Oriente Médio constituem, precisamente, o objeto
do