Resenha Livro Pris es da Mis ria
Julia Mello Leitão Moreira de Carvalho
“Prisões da Miséria” (ZAHAR, 2011, 207 páginas), do sociólogo Loic Wacquant, traz um conjunto de pensamentos que subvertem a ordem estabelecida no âmbito de sistema penitenciário e segurança pública. No entanto, para entendermos melhor suas ideias centrais, é preciso compreender de forma mais ampla seu contexto pessoal. Wacquant é sociólogo e professor da Universidade Berkeley da Califórnia, suas pesquisas geralmente contem trabalho de campo e temas relacionados a dar voz as minorias e ao combate a ideias hegemônicas, ele trata a sociologia com um “esporte de combate”. Um de seus trabalhos que merece destaque é o estudo sobre os guetos americanos que o fez frequentar academias de boxe dessas comunidades. Além disso, é importante ressaltar a influência de Pierre Bourdieu em seu trabalho – sociólogo francês que tem como característica o claro posicionamento contra o liberalismo e a globalização.
Durante a “Introdução a segunda edição” o autor já esclarece o conteúdo central do livro: a dispersão do regime de tolerância zero culminando em um regime punitivo para a Europa Ocidental e depois para o resto do mundo. Ele foi criado em Nova York na era Reagan como uma forma de respaldar o sistema neoliberal e desmanchar o estado de bem-estar social baseando-se na ideia de justiça e meritocracia. O livro então, divide-se em duas partes.
Primeiramente, o autor define uma imagem da Europa como uma área que sofreu muita influência do discurso americano conservador que tem um novo senso comum penal que visa “criminalizar a miséria”. Essas ideias seriam transmitidas pelos meios de comunicação tradicionais e de uma rede de instituições que ajudam a oficializar esse discurso de “rigor penal” como o Ministério de Justiça federal, o Departamento de Estado, entre outros. Além disso, é necessário ressaltar o papel dos “think tanks”, institutos de consultoria adotados nos governos de Reagan e