RESENHA LIVRO CULTURA, UM CONCEITO ANTROPOLÓGICO
Logo no início do texto, Laraia aponta dois dos maiores equívocos que rondavam ? e, poder-se-ia dizer, ainda rondam ? o conceito de cultura em Antropologia: os determinismos geográficos e biológicos. Tais teses, hoje abandonadas pela grande maioria dos antropólogos e cientistas sociais, sustentam que as características geográficas ou biológicas ? leia-se raciais ou étnicas ? seriam responsáveis pelas diferenças culturais entre os diversos povos. Laraia apresenta uma série de colocações que desmentem tais teses, como por exemplo, o argumento de que existem diferenças culturais significativas em relação a povos estabelecidos em condições geográficas similares. Um exemplo de concepção pautada no determinismo geográfico é aquela que considera o clima como um elemento determinante do progresso de um povo ? enquanto povos residentes em climas frios seriam mais suscetíveis ao progresso, aqueles residentes em climas quentes estariam em condição desfavorável em função do calor que os tornaria preguiçosos e passionais. O raciocínio do determinismo biológico funciona da mesma maneira: as diferenças culturais seriam explicadas em função da genética de cada povo. Neste sentido, Laraia cita muito pertinentemente uma declaração da Unesco, datada de 1950 - e portanto, após o genocídio praticado pelo nazismo em direção àqueles que seriam considerados geneticamente inferiores ? a fim de sustentar que as diferenças entre os povos se deve á história cultural de cada grupo, e não da sua genética. Daí que "o comportamento dos indivíduos depende de um aprendizado, de um processo de chamamos de endoculturação" . A endoculturação seria o processo de diferenciação entre os povos, incorrendo na formação de culturas diferentes.
A seguir, o autor mostra como