Texto de Argumentação sobre os Maias
Na minha opinião a produção do filme era um pouco “pobre” a nível de cenários.
Uma situação que poderia acontecer em pleno século XXI, numa metáfora cinematografica traduzida pela passagem do preto-e-branco para a cor. Esta é, acima de tudo, uma Lisboa cheia de artificialidade. Como o são os cenários do filme, representados através de pinturas a óleo.
Os Maias tem um dos problemas de algum cinema português. Uma interpretação e direcção de actores (muitos deles relativamente desconhecidos, como Graciano Dias, Maria Flor e Pedro Inês) muito teatral, plena de overacting, desajustada à linguagem do cinema. Contudo, embora não desprovida de excessos, ela justifica-se mais neste filme. Pelo contexto de época, pela escrita do Eça, pela tal opção de encenação, que, em vez de fazer uma eventual má caracterização da Lisboa do século XIX, optou por algo mais minimalista e arty. E, neste contexto, está muito bem sacada a personagem de João da Ega, o boémio, o intelectual, o bon vivant, o diletante incapaz de concluir o que quer que seja.
A fidelidade ao texto é clara. João Botelho não acrescentou uma linha ao argumento, pois a obra literária fala por si. Para introduzir alguma ligação, teve a boa opção de colocar um narrador, que lê na íntegra algumas passagens do texto e incorpora alguma da riqueza literária. E a história segue precisamente os mesmos passos: os breves flasbacks iniciais, a evolução do amor de Carlos da Maia e Maria Eduarda, os mexericos da alta-sociedade e, por fim, o cataclismo familiar.
Pode não ser uma extraordinária adaptação. Aliás, o momento da revelação decisiva susbtitui alguma da emoção dramática por uma lógica de opereta excessivamente formalista e pouco sentida
A historia devida a sua época dos acontecimentos sendo um pouco parada, leva um pouco a distracção do publico mais jovem.
E a banda sonora poderia ter sido mais bem escolhida para haver mais energia e acção.