Resenha Literaria
Diário de um ano ruim entrelaça esse "livro dentro do livro" com os relatos íntimos, em primeira pessoa, de Anya e do próprio escritor. O pessoal e o universal se iluminam reciprocamente, colocando em evidência a dificuldade de comunicação entre a tradicional cultura humanista do velho autor e a energia quase amoral da jovem digitadora.
Comprovando mais uma vez seu domínio sobre várias vozes, gêneros e registros narrativos, Coetzee discute ao mesmo tempo o mundo contemporâneo e a sua representação no imaginário e na literatura. Aprofunda e radicaliza, assim, experiências empreendidas em outros romances híbridos seus, como e Elizabeth Costello.
J. M. Coetzee, autor do aclamado “Desonra”, traz nesse novo livro uma mistura de ensaios (sobre os mais variados assuntos: apartheid, terrorismo, desastres ecológicos, globalização, teoria literária...) com uma narrativa metalingüística. Ele nos conta de um famoso escritor sul-africano que fora contratado para escrever ensaios para uma editora alemã. Com dificuldades que tornam sua letra praticamente ilegível até mesmo para ele, devido a problemas de saúde e à idade avançada em que se encontra, contrata uma “secreta ária” e então, ele passa a narrar a história dela e seu envolvimento com o amante e consigo. O papel dela, na sua vida, passa a ser a de uma melodia encantatória, uma “ária” que o motiva e o encanta. Fútil, mas de boa índole, Anya, se envolve com ele em uma relação de amizade pela qual muda o rumo de sua vida. O humanismo dele faz com