Resenha literária - "espírito santo"
Trata da captura do Judiciário e da Polícia pelo crime organizado e pela pistolagem. Também mostra o corporativismo dos juízes e as teias de proteção montadas entre os diferentes agentes que deveriam cumprir a lei e a ordem, mas que fomentam a desordem e a anomia.
Falo de "Espírito Santo" (Editora Objetiva, 234 pp.), escrito por Luis Eduardo Soares, Carlos Eduardo Ribeiro Lemos e Rodney Rocha Miranda.
A partir do assassinato do juiz Alexandre Martins de Castro Filho, ocorrido em março de 2003, os autores descrevem como o estado estava nas mãos de bandidos de farda e de toga. Contam a história do crime, suas motivações, a investigação e o desfecho.
No caminho, vão mostrando o corporativismo do Judiciário, a quadrilha instalada no comando da Polícia do estado e a omissão do governo local até 2002. Também aparecem pistoleiros, "queima de arquivo" disfarçada em fugas de presídios e uma crueldade que perpassa todas as ações do grupo.
Os juizes Alexandre (que foi meu colega de peladas em Cascadura, na infância) e Carlos Eduardo, lotados na Vara de Execuções Penais, começam a estranhar certos benefícios de progressão penal aplicados pelo chefe deles, o juiz Mário Sérgio.
Puxam o fio da meada e começam a investigar as relações existentes entre coronéis da Polícia Militar, juízes responsáveis pelos presos do estado e políticos. Pedem auxílio ao governo federal, dada a contaminação do aparato estadual, e forma-se um grupo de trabalho a fim de investigar estes crimes; em especial assassinatos por encomenda. Mas não somente esses.
Ressalto que este grupo de trabalho foi formado após o Ministro da Justiça ter anunciado intervenção federal no estado e o então Presidente Fernando Henrique Cardoso, vetado para proteger o à época governador José Ignácio - seu aliado político.
Após o assassinato do juiz, com o apoio do Secretário de Segurança Rodney Miranda - trazido de fora do estado pelo Governador