Resenha - Intermitências da Morte
Temos felicidade e angústia graças à existência da temporalidade. A felicidade por ela dar fim ao nosso sofrimento, angústia por findar os nossos prazeres. Nada é eterno, somente um fato, que cabe a cada ser vivo, que a partir do primeiro segundo da sua existência, o simples fato do morrer sempre haverá.
Mas esse “fim”, que sentimento surge com ele? Saramago introduz em seu livro “As Intermitências da Morte”, várias possibilidades do que a morte traz para a sociedade, pessoas, indivíduos, até para a própria morte em si.
Tudo se inicia em 1º de janeiro, em um país fictício, o qual foi o dia que ninguém morreu, assim introduz Saramago. A morte cansada de ser repudiada pela sociedade toma a decisão de cessar suas atividades. Tendo resultado em uma desorientação do estado, chegando a afetar tanto as pequenas famílias quanto as forças de trabalho. Indivíduos ficando presos aos seus leitos, sem “ir dessa para melhor”, agências funerárias em crise por perder sua obra prima, hospitais e asilos em calamidade pública pela superlotação.
Dando continuidade, o autor aborda como, em alguns casos, esses fatos se sucederiam, realizando uma crítica à sociedade moderna. Apresentando intervenções do governo, reações da igreja, a performance da mídia, intervenções da máfia, e os sentimentos dos próprios indivíduos, que se suspendiam a vida por um pequeno fio, onde somente a morte poderia ter o capricho de soltá-lo.
Dando continuidade à obra, no sétimo capítulo, o autor introduz a figura da morte, ainda de forma obscura, onde a mesma envia uma carta para uma emissora de televisão, requerendo que sua mensagem seja levada ao público, a qual informa:
a partir da meia-noite de hoje se voltará a morrer tal como sucedia, sem protestos notórios (...) ofereci uma pequena amostra do que para eles seria viver para sempre (...) a partir de agora toda a gente passará a ser prevenida por igual e terá