Resenha: Imagens da natureza e da sociedade – Eduardo Viveiros de Castro
No artigo, o autor realiza uma exposição histórica sobre as abordagens teóricas que permeiam as etnografias realizadas na Amazônia, expondo que até a década de 70, mais ou menos, haviam sido realizadas em torno de cinquenta etnografias sobre os povos amazônicos.
Além disso, ele ressalta, qualitativamente falando, o número era ainda mais duvidoso, porém, após a década de 70, existe um salto tanto em números de pesquisas desenvolvidas na região, quanto em qualidade nas produções etnográficas, havendo esforços dos pesquisadores para combinar abordagens históricas e estruturais, buscando a superação de análises monocausais que viam, ora na cultura, ora na natureza a resposta para todas as grandes questões indígenas.
Essa nova síntese, integrando os conhecimentos de diversas disciplinas demonstra a obsolescência do Handbook of South American Indians, uma espécie de “catalogação” dos grupos indígenas sulamericanos em áreas culturais e níveis evolutivos, editado por Julie Steward na década de 40, que já não dava conta de explicar todas as dinâmicas culturais da região amazônica.
Já na década de 50 aparece Levi-Strauss que começa a mudar os paradigmas do difusionismo e do determinismo geográfico da tradição histórico cultural alemã com o seu estruturalismo. As duas décadas seguintes são marcadas por uma polarização entre os seguidores da corrente de Steward e White que propunham uma “adaptalização” da cultura como um ordenamento material pela natureza, e do outro lado os estruturalista-funcionalista ou estruturalista-culturalista que partiam de uma análise comparativista morfológica, baseada nas instituições de parentesco e ideológica com interpretações sobre as cosmologias, enquanto forma de ordenamento simbólico da natureza.
Convém lembrar, que conforme demonstrado por Viveiros, alguns pressupostos do Handbook... eram levados em conta por ambas as tendências, viam a Amazônia e as tribos que