Mitologia Indígena na Escola
O momento atual é de crise, não apenas uma, mas um conjunto delas, que acontecem paralelamente e se interligam, a crise econômica, a social, a ecológica e a energética. Assim, torna-se evidente que o padrão assimétrico da globalização, tal como ocorreu no mundo, não se sustenta mais. Perpassando por todas essas crises podemos econtrar um elo comum, a crise dos conceitos e padrões de desenvolvimento vigentes hoje no mundo.
O padrão de acumulação, a valorização excessiva da ciência e a crença absoluta na tecnologia parecem ter se tornado uma unanimidade. As linhas cartográficas que antes separavam o Velho do Novo Mundo parecem ter sido substituídas por linhas invisíveis que permanecem no pensamento moderno ocidental. Essas linhas acabam por constituir as relações políticas e culturais excludentes e como diz Boaventura de Souza Santos a “injustiça social global estaria, portanto, estritamente associada à injustiça cognitiva global” (SANTOS, 2007, p.1).
Portanto, o pensamento modermo ocidental se coloca como juiz do conhecimento, estabelecendo certos universos “de um lado da linha” e outros universos “de outro lado da linha”. Estar “do outro lado da linha” significa ser invisível, irrelevante, não real, enquanto “este lado da linha” dita as regras e impossibilita a coexistência dos dois lados. Dessa forma, coloca a ciência como imparcial e possuidora de todas as verdades (SANTOS, 2007).
A raíz dessa questão parece estar no século XVII, quando a ciência passa a se pautar em um paradigma conhecido como racionalista. Este surge para controlar e determinar toda a organização do conhecimento e o próprio uso da lógica. Podemos dizer que o racionalismo enxerga a realidade de forma fragmentada e busca explicações experimentais para tudo, rejeitando os sentidos como forma de compreensão da realidade. Assim, estabelece métodos para se chegar a determinadas “verdades” e não reconhece nenhum outro tipo de conhecimento produzido que não siga