Resenha - globalização e tendências institucionais
- O dramático avanço tecnológico , sem um avanço comparável em termos institucionais , se torna explosivo para a humanidade : gigantescos barcos de pesca industrial limpam os mares sem se preocupar com o amanhã; a química fina e os transportes modernos levaram à constituição de uma rede mundial de produção e distribuição de drogas que destroem centenas de milhões de pessoas; milhares de laboratórios ensaiam hoje manipulações genéticas sem nenhum controle ou regulamentação; armas cada vez mais letais são vendidas de maneira cada vez mais irresponsável; a tecnificação da agricultura está destruindo os solos do planeta e gerando um caos climático de efeitos imprevisíveis , e assim por diante .
- Isto põe a nu um imenso espaço de perda de governabilidade , mal compensado por reuniões internacionais hoje quase permanentes , como as do Rio sobre o meio-ambiente , do Cairo sobre demografia , de Copenhagen sobre o drama social da humanidade , de Istanbul sobre as cidades e assim por diante , sem falar das reuniões cada vez mais frequentes do G-7 e de outras instâncias .
- A dinâmica global está cada vez mais presente no nosso cotidiano , e o Estado moderno não tem as ferramentas de governo correspondentes .
- Hoje o setor de ponta , que compreende essencialmente os segmentos nobres das empresas multinacionais , e que aplica as elegantes fórmulas de TQM , just-in-time , Kaizen , reengenharia e outras , emprega no mundo 73 milhões de pessoas , das quais 12 milhões no Terceiro Mundo .
- Assim , enquanto por um lado se desenvolve , na ponta , a chamada democratização gerencial , aprovam-se as sucessivas ISOs , e o mundo avança num processo de aparente modernização; por outro lado a sociedade vai sendo rapidamente desagregada pela base , pois não basta produzir muitas quinquilharias cada vez mais baratas , é preciso voltar a considerar que o processo de desenvolvimento se refere ao ser humano . - A distância entre pobres e ricos