Resenha - Eu so queria telefonar
“O tomate é plantado pelo Sr. Suzuki, colhido, transportado, trocado por dinheiro que Dona Anete ganhou ao trocar por perfume extraídos das flores, recusado para o molho do porco, jogado no lixo e recusado pelos porcos está agora disponível ao seres humanos na Ilha das Flores.”
Esse trecho do filme relata bem os mais de 10 minutos do curta-metragem que apresenta de forma clara e objetiva a realidade econômica de muitos lugares do Brasil.
Fala da produção dos tomates feitas pelo Sr. Suzuki, das trocas realizadas pelo Sr. Suzuki e por Dona Anete visando sempre o lucro mostram o sistema empregado: o capitalismo, este visa sempre o lucro, o ganho através do trabalho. É mostrado de forma contundente como o sistema econômico contribui para a desigualdade e a indiferença com a necessidade alheia. Podemos ver nitidamente as diferença entre as classes sociais: a dona de casa, um produtor de tomates, um fazendeiro e criador de porcos e finalmente os moradores da Ilha das Flores. E é claro o tratamento desigual aos por lei decretados “iguais”.
Outro ponto importante é a miséria. Os moradores da Ilha das Flores vivem numa condição subumana. Não há trabalho, não há dinheiro, os animais são melhores tratados e alimentados, eles passam fome e estão numa situação marginalizada, de total abandono e excluídos socialmente.
O que coloca mulheres e crianças depois dos porcos na prioridade de escolha de alimentos é o fato de que elas não possuem dinheiro, nem um dono. Apesar de serem livres e de possuírem a capacidade para mudar, a condição em que vivem é de absoluta miséria.