Resenha Educação e luta de classes - PONCE
O livro a ser tratado merece atenção especial a seu autor, que dentre diversas formações consegue fazer tão bem o papel de historiador. Aníbal Ponce, nascido em 1898 na Argentina dentro de uma família de boas condições financeiras, torna-se órfão na adolescência e a partir daí começa a demonstrar suas virtudes como escritor. Durante a vida tornou-se psicólogo, político, ensaísta e professor, posições que o influenciaram como pensador. Sua obra principal é sem dúvidas “Educação e Luta de Classes”, publicada originalmente em 1934, época em que Hitler ascende ao cargo de Chanceler na Alemanha e começa a perseguição as raças ditas inferiores, ambiente nebuloso e introspectivo no mundo. Neste ano Ponce está ligado ao Partido Comunista da Argentina e chega a visitar a União Soviética. O autor falece cinco anos depois, em 1939, período que se inicia a Segunda Guerra Mundial. É perceptível a inclinação do autor para o pensamento marxista, e ao longo de sua obra a idéia principal é demonstrar a diferença da educação destinada a ricos e pobres, e mostrar como a escola pode ser um instrumento de dominação. Ponce começa o livro, tratando da educação na comunidade primitiva e explicita o comunismo tribal, onde homens, mulheres e crianças trabalhavam igualmente para obter o alimento que lhes cabia, sendo que estas últimas aprendiam para a vida e com a vida. Não havia diferenças, todos os membros aprendiam da mesma maneira e para o mesmo fim, sobreviver e ajudar na coletividade. Os dois capítulos seguintes vêm tratar da educação do homem antigo, mais especificamente na Grécia (Esparta e Atenas) e Roma por volta dos séculos VI e V a.C, neste contexto Ponce destaca o início da divisão da sociedade em classes, porém classes não conscientes, pois não existia a concepção de explorador e explorado. A educação dada em Esparta era única e exclusivamente para formar um cavaleiro, essa era a idealização do homem,