resenha: documentario meninas
O universo que conheci ao acompanhar a trajetória dessas meninas, durante um ano, foi profundamente revelador: elas quase não vivem suas infâncias, desde cedo assumindo o compromisso de cuidar dos irmãos mais novos e de suas casas. Acabam por confundir maternidade com maturidade, na expectativa de que o novo status de mãe signifique um reconhecimento na comunidade e na família.
O período da gestação - em que a espera é a única grande aliada - coincide com o fim de seus sonhos infantis.
O solo deste filme é delicado: meninas esperando filhos, brincando de bonecas. Mas o subsolo é trágico: o quadro habitual no Brasil é o da menina que engravida, geralmente despreparada, abandona a escola e reduz suas perspectivas de vida. O novo pai, por sua vez, segue em frente, engravida outra menina, que vai ficar sozinha também. A primeira acaba se juntando a outro rapaz, que a engravida de novo e também a deixa sozinha... O resultado são todas essas casas cheias de mulheres e seus filhos, sem a presença da figura paterna.
Contra isso não basta distribuir camisinhas. O Brasil precisa pensar na questão do planejamento familiar. É uma loucura botar cinco ou dez filhos no mundo sem ter condições de criá-los e educá-los de verdade. Para além de qualquer 8 plano assistencialista, é preciso cuidar seriamente da educação, a começar pelas futuras mães. É preciso mostrar-lhes o que significa ser mãe. Para muitas, ter filhos é simples questão de status ou a realização de um sonho vago que não sabem exatamente o que é.
Eu espero que este filme, além de um documentário