Homoparentalidade
Atualmente a família vem sofrendo diversas transformações e tem se apresentado de inúmeras formas, questionando o modelo tradicional e nos fazendo repensar seu sentido. Este trabalho discorre sobre a configuração homoparental, que é a situação em que ao menos um adulto homossexual assume a parentalidade de uma criança. Este artigo tem por objetivo apresentar o resultado de uma pesquisa realizada com dois casais que visou investigar o exercício da homoparentalidade, focando as possíveis especificidades existentes no relacionamento parental homossexual, bem como compreender o olhar dos pais com relação a seus papéis parentais. Foi utilizado o método clínico-qualitativo proposto por Turato (2003) e os dados foram coletados e registrados em campo, através de entrevista semi-dirigida e Desenhos de Família com Estórias (Trinca, 1997). Percebeu-se que as famílias homoparentais se diferenciam de outras configurações pelo preconceito sofrido, falta de apoio e aceitação das famílias de origem e círculos sociais. Notou-se que as famílias homoparentais possuem suas especificidades, mas, como outras configurações familiares, também passam por dificuldades e conflitos.
Palavras-chave: Homoparentalidade, Família, Papéis parentais.
INTRODUÇÃO
A família, como a conhecemos hoje, instituição que sustenta a sociedade, composta por pai, mãe e filhos, é uma construção social (ZAMBRANO, 2006). A instituição família sofreu muitas mudanças ao longo do tempo e não se pode pensar na existência de um único modelo de família. O modelo tradicional de família é questionado à medida que esta assume novas formas. Entretanto, esse modelo nuclear-monogâmico e heterossexual tem influenciado o exercício da parentalidade em diferentes configurações familiares.
A homoparentalidade, situação na qual ao menos um adulto homossexual assume a parentalidade de uma criança, tem sido criticada por destituir um dos princípios fundamentais na constituição familiar, a diferenciação sexual do