Resenha do filme Mon Oncle
“Meu tio (Mon Oncle)”
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Fundamentos de Arquitetura
Resenha sobre o filme “Meu tio (Mon Oncle)”
O filme Mon Oncle é uma produção ítalo-francesa de 1958, dirigido e estrelado pelo cineasta Jacques Tati, é classificado como uma obra de comédia e apresenta uma sátira à sociedade da época no que diz respeito à busca desenfreada de modernização do cotidiano.
Desde o início do filme somos apresentados ao gritante contraste entre a realidade do empresário Arpel e do seu cunhado, Hulot. Arpel possui patrimônio considerável, um trabalho respeitável e uma vida extremamente planejada, enquanto Hulot, desempregado, apresenta-se como um simpático transgressor dessa vida cheia de regras e, com um tom cômico, gradativamente consegue instaurar o caos na vida do casal.
Observa-se como um dos principais fatores para expor tal contraste as divergências entre as moradias dos personagens. Inicialmente podemos ver a residência do casal Arpel, com todos os luxos possíveis propiciados pela fissura pela inserção de tecnologia recorrente na década de 50 (no entanto, cabe ressaltar que tal critica se posiciona brilhantemente ainda hoje, em pleno século 21, onde tal cenário não é raro de se notar em famílias abastadas).
Nesse aspecto vemos a valorização exacerbada da estética e a busca pela vanguarda, assim como pela excentricidade, por vezes priorizando a forma e prejudicando a funcionalidade das peças, o que é constantemente mostrado pela mudança das mesas para as refeições, o incidente da garagem, a aparelhagem da cozinha, e fica ainda mais evidenciado na recorrente fala da dona da casa, quando questionada do porque da casa ser tão exageradamente vazia e branca, insiste que “Tudo se comunica”.
Dito isto, cabe notar que a busca do casal por uma casa que atenda às expectativas próprias e externas do que deve ser uma residência moderna de luxo faz com que esses acabem se tornando refém desta, como fica claro quando é a casa que dita onde pode ou não