Arquitetura
O filme Mon Oncle sintetiza a arquitetura e a cidade do século XX. O filme dirigido por Jacques Tati representa a diferença entre dois mundos, duas formas de viver e de compreender a cidade e a arquitetura que no final dos anos 50 iria se sobrepor violentamente. Uma dessas formas é o mundo da modernidade exagerada por um otimismo futurista, como chegou a Europa na reconstrução do pós-guerra, vivida pelo casal, e o outro é representado pela cidade tradicional, vivida pelo tio. Estes dois mundos são representados de três maneiras distintas: o habitante, sua casa e o entorno imediato.
É uma crítica ao culto à modernidade tecnológica já vigente na década de 50. O título faz referência ao único membro da família que não se encaixa nessa mentalidade corrente na família Arpel, o tio Hulot, solteiro e desempregado, passa a ser admirado por seu sobrinho Gérard justamente por estar fora dos padrões impostos pela sociedade. Tio Hulot faz o contraponto da casa moderna da família Arpel: ele vive numa confusa periferia em que a ordem é estabelecida pelos próprios moradores. Sempre que Hulot vai visitar a irmã, atravessa as ruínas de um muro que representa a ruptura da cidade tradicional com a cidade moderna. De um lado, uma família em que a formalidade era levada aos extremos e, consequentemente, a monotonia surgia. Do outro lado a alegria de viver, mesmo com dificuldades. A ordem contra a desordem, modernidade contra o tradicional. Ao mesmo tempo, Tati coloca em questão os novos conceitos estéticos emergentes na Europa da década de 50.
A Villa Arpel é uma bolha moderna fechada para o exterior através de um muro que a separa do resto da vizinhança. Apenas um grande portão para o carro se conecta com a cidade. Já a casa de Tati faz parte do bairro. Na frente da casa moderna e isolado entre seus muros encontramos um jardim fechado, ao ponto de impedir qualquer atividade que se queira realizar nele. Uma visão clara que se reflete no tédio