resenha do filme mercador de veneza

A trama do enredo desenrola-se na cidade de Veneza em pleno século XVI, precisamente no ano de 1596. O cenário econômico da época era bastante promissor em Veneza, a mesma tornava-se uma importante cidade portuária, os mercadores já experimentavam os benefícios da transição para o mercantilismo, e se enriqueciam com o comercio marítimo. Podemos notar logo no inicio do filme a marginalização do povo judeu, sendo obrigado a usarem um bojo vermelho na cabeça, o que facilitava a identificação dos mesmos nos atos vexatórios e discriminatórios praticados pelos cristãos, o próprio gueto que os Judeus habitavam são indícios dessa marginalização. A usura praticada pelos Judeus era extremamente perseguida pela Igreja Católica nessa época, a Igreja proibia as profissões exercidas com a intenção de lucro, sendo o Mercador também uma dessas profissões consideradas ilícita, muito bem explanada por Le Goff em seu texto “Profissões Licitas e Profissões Ilícitas no Ocidente Medieval”, justamente o período que se passa a historia. Uma cena do filme me chama atenção, e expressa á profunda incoerência cristã praticada na época, o mercador Antônio cospe e intimida o Judeu Shylock, se considerando superior por ser cristão e não cometer o pecado da usura, sendo que o mercador praticava uma profissão também condenada por sua igreja, pois sua profissão também visava lucro.
É importante remetermos a realidade em que estava inserido o escritor e dramaturgo William Shakespeare quando escreveu este livro, pontuar o histórico dos judeus que no ano 1290 D.C foram expulsos da Inglaterra pelos nobres, que haviam contraído grandes empréstimos, e tinham dificuldade em honrar seus pagamentos, os judeus se tornaram pessoas não gratas, foram perseguidos e expulsos da Inglaterra. Essa informação só tem relevância se cruzarmos esses fatos com o escritor Shakespeare, que era britânico e escreveu essa obra entre 1590 e 1613, não sendo possível datar precisamente. Muito provavelmente havia resquícios