Resenha do Filme O Mercador de Veneza
A Justiça, a Igreja e o Estado se confundiam, sendo o direito eclesiástico, baseado em dogmas católicos, com o intuito de autoproteção. A usura, praticada pelos judeus, era considerada um crime eclesiástico, e servia como mais um motivo de segregação deste povo, que deviam viver em guetos e andar identificados. Se por um lado, os judeus não podiam se misturar aos cristãos, por outro, sua permanência na cidade se devia ao grande aporte financeiro que possuíam, necessário e interessante à Veneza mercante.
Nesse contexto que se encontra a obra de William Shakespeare The Merchant of Venice, que serviu de inspiração para o filme O Mercador de Veneza (drama, 2004), estrelado por Al Pacino, Jeremy Irons, Joseph Fiennes, Lynn Collins. O filme conta a história de Bassânio, nobre de Veneza, porém sem herança que o permita cortejar a jovem Pórcia, bela e rica herdeira de Belmont. Para tanto, solicita a seu amigo Antônio, rico mercador que possuía sua fortuna comprometida em navios, a quantia de três mil ducados, grande quantia para a época, mas que seria devolvida assim que atingisse seu objetivo.
Como sua posse encontrava-se em navios no exterior, Antônio não possuía consigo aquela grande quantia de dinheiro, mas permite que Bassânio faça um empréstimo, tendo a ele como fiador da negociação. À época, os empréstimos, realizados pelos judeus, eram feitos com a cobrança de juros (usura), o que era considerado pecado, colocando-os ainda mais à margem da