RESENHA DO FILME: HOMO SAPIENS 1900
O filme é ao mesmo tempo chocante e esclarecedor. Uma obra-prima do já consagrado diretor sueco Peter Cohen. É uma verdadeira aula de história da ciência como ela é, ou seja, faz parte da história da humanidade e interage com suas questões políticas, sociais e ideológicas.
A narrativa liga todos os acontecimentos em diversas partes do mundo, conferindo-lhes o contexto histórico cabível, mostrando a saga da busca de aperfeiçoamento do homem por meio da eugenia.
Eugenia é a ciência que estuda as condições mais propícias à reprodução e melhoramento da raça humana. Embora o conceito pareça inofensivo, a eugenia foi responsável por diversas ideologias que oprimiam uma minoria étnica e foi utilizada para justificar atrocidades como a limpeza racial.
Um dos principais méritos do documentário é desmistificar a eugenia como movimento exclusivo de uma Alemanha nazista ou das irmãs fascistas, pois serviu para diversos fins, inclusive em governos democráticos, como na Inglaterra e nos Estados Unidos. Antes, Cohen faz um amplo apanhado do movimento eugenista desde sua concepção e traça o percurso de sua aplicação até culminar em sua expressão máxima no regime nazista alemão.
Era o nascimento de uma ciência obcecada com o aprimoramento da espécie humana, tanto por meio da reprodução das características “boas” (eugenia positiva – transmissão das características “desejáveis” às novas gerações), quanto pela eliminação das “más” (eugenia negativa – esterilização e extermínio de portadores de características que “sujariam” a espécie humana).
Os principais alvos da crítica de Cohen, porém, são a Alemanha e a URSS.
A Alemanha construiu um estado totalmente baseado num ideal de pureza racial, utilizando as teorias Eugênicas para construir um povo alemão “puro”, onde se valorizava a beleza e a saúde. A pureza racial do povo Ariano era associada também à higiene, dessa forma assassinavam pessoas portadoras de defeitos genéticos. Eram proibidos