RESENHA DESCRITIVA: A GRAMÁTICA POLÍTICA DO BRASIL.
A Gramática Política do Brasil – Clientelismo e Insulamento Burocrático. De Edson Nunes.
Buscando mostrar um diagnóstico histórico geral das gramáticas políticas que integram sociedade civil e instituições formais no Brasil, Edson Nunes em sua obra “A Gramática Política do Brasil” define o surgimento, as características gerais e a importância das quatro gramáticas políticas que delineiam as relações brasileiras entre instituições formais e sociedade.
Ao iniciar sua obra, Edson Nunes expõe a tradição intelectual da produção brasileira em definir como categoria de análise os “Dois Brasis”, ou seja, o dualismo entre o Brasil tradicionalista e o Brasil modernizado. Porém, esse tipo de análise dualista tende a revelar em seu caráter preocupações direcionadas apenas ao caráter econômico. Feita a crítica à essa espécie de análise, Edson Nunes parte para sua nova proposta de análise que, para além de abordar os aspectos econômicos da sociedade, procura integrar a análise das diversas formas institucionais situadas no campo político e social da sociedade brasileira.
O autor evidencia o fato de que o Brasil, devido ao seu processo de industrialização tardio, criou diversas instituições destinadas à auxiliar essa modernização num espaço muito curto de tempo. Porém, essas instituições não corresponderam às expectativas gerais investidas nos países capitalistas, de impessoalidade e racionalização. Ao contrário, resquícios do Brasil patriarcal tradicionalista delinearam a maior parte dessas instituições, e é a partir dessas novas instituições com suas características históricas que se funda o foco principal do livro.
Para tanto, o autor elege as quatro gramáticas predominantes no país: o clientelismo, o corporativismo, o insulamento burocrático e o universalismo do procedimentos. Destas quatro gramáticas, a única que segue as tendências gerais dos países capitalistas industrializados é o universalismo de procedimentos, que se mescla às outras três