Resenha de "o príncipe"

1023 palavras 5 páginas
É importante ao falarmos da obra prima de Nicolau Maquiavel, “O Príncipe”, atentarmo-nos para a sua finalidade prática. Em 1512, o italiano havia sido exilado e destituído de suas funções públicas após a tomada do poder de Florença pela família Médici. Como uma forma de conquistar a graça dos novos governantes e, assim, retomar o seu antigo posto, Maquiavel escreve “O Príncipe” em dedicatória a Lourenço de Médici.

O livro, que assume a forma de um manual do bom governante, se inicia como uma classificação dos tipos de governo e da melhor maneira de conquistá-los. Aí, o autor já apresenta o seu argumento e, de forma a corroborá-lo, uma grande amostra de exemplos, citando desde romanos até os gregos e os próprios italianos. É assim que Maquiavel nos mostrará uma de suas mais singulares características: a preocupação pela história e, de certo modo, pela empiria.

A seguir, o florentino exporá uma parte importante do seu raciocínio retomada ao final do livro, que se refere a dois conceitos chaves: a virtù e a fortuna. Segundo o autor, a transformação de um homem em um príncipe se daria por duas formas – pelos seus méritos próprios ou pela sorte. Conquistar um principado por méritos próprios seria mais dificultoso, mas mais facilmente se daria a sua manutenção. O contrário aconteceria com que aqueles homens que o fizessem através da fortuna ou do mérito alheio.

Aqui é importante frisar que o conceito de virtù não se assemelha em nenhum aspecto às virtudes cristãs e tampouco temos a fortuna como sinônimo de desígnio divino. O autor, contrariando a mentalidade típica de sua época, elabora a imagem do homem que não está sob o jugo da divina providência, mas que é sujeito da história. Dessa forma, faz uma retomada aos clássicos, movimento característico do humanismo, e resgata a figura da fortuna como uma deusa aliada daqueles de virilidade suficiente para conquistá-la. Tal como uma mulher ela seria seduzida pelos jovens, aqueles mais arrebatados e de maior vir.

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