Resenha de O corte
“O corte” é um filme francês de suspense e comédia, estrelado por José Garcia, Karin Viard e Ulrich Tukur. Dirigido por Costa-Gravas, estreou em 2005 e recebeu 2 indicações ao César, nas categorias de Melhor Ator (José Garcia) e Melhor Roteiro Adaptado. O filme conta a história de Bruno Darvert, um engenheiro bem sucedido que durante 15 anos dedicou seu trabalho a uma fábrica de papel. Após ser demitido, passa um longo tempo desempregado, até que passa a desenvolver um comportamento louco e obsessivo que o leva a investigar e exterminar seus concorrentes. A história faz uma síntese do atual sistema capitalista que norteia a sociedade, exemplificado pelo modo competitivo que se tornaram as relações empresariais e corporativistas. O capitalismo implantou na população o sentimento de eterna competição e exterminação do mais fraco. Em um meio em que é pregado a todo momento a supremacia do melhor, ser insuperável é visto como um modo de sobrevivência, sendo o próprio ambiente de trabalho uma selva. Nesse contexto é perceptível na trama a demonstração das consequências – mesmo que de certa forma exageradas – desse sistema na vida e na sanidade psicológica da população. Bruno Darvert, o protagonista, exemplifica bem esse fato, a partir do momento que passa a ver seus concorrentes como ameaças potenciais não apenas às suas chances de conseguir emprego mas ao desenvolvimento de sua própria vida e de sua família. Há no filme ainda, um certo ar cômico em cada morte, apresentando também o gênero comédia. Tal fato é talvez proposto para não causar tanto impacto e por vezes provocar o riso, proporcionando ao telespectador expectativas a cada homicídio. A utilização deste meio de demonstração de ideias visa a crítica sem a exploração obcecada do horror, trazendo a tona mais os motivos que levaram a personagem a tal ponto, e não os atos consequentes em si. Isso se da pelo direcionamento de