Resenha de os Bestializados
Capítulo 3: Cidadãos inativos: A Abstenção Eleitoral
Segundo José Murilo de Carvalho em seu livro, a efervescência ideológica e os conflitantes propostas de cidadania nos anos iniciais da República, indicariam a insatisfação com o passado e a incerteza quanto à direção do país. Nesse momento, surgiram vários grupos sociais, onde a diversidade destes se atribui a insegurança de seus idealizadores, através de suas propostas; novas reformulações quanto à reação do público a que se dirigiam ou em alguns casos, quanto à própria identidade desse grupo público. Uma das fontes de informação sobre as práticas de cidadania seria encontrada nos testemunhos de observadores contemporâneos brasileiros e estrangeiros, nesse texto temos como exemplo, a opinião de Louis Conty, o biólogo francês que durante muitos anos morou no Rio de Janeiro. Segundo Conty, não seria possível formar tal massa de cidadãos com elementos nativos, mas seria necessário buscar cidadãos europeus através do incentivo à imigração. Não há dúvidas que tais observações traduzam o preconceito de europeus em relação a populações do país, inclusive preconceitos raciais.Para os estrangeiros, no Brasil não havia povo político, não havia cidadãos e nem mesmo na capital do país. A política era assunto dos estados maiores e das classes dominantes; produto das rivalidades de chefes militares, entrando o povo apenas fortuitamente como massa de manobra. A apatia política do povo era particularmente dolorosas e frustrantes para homens como Aristides Lobo, o qual declara que o povo teria assistido “bestializado” à proclamação da República, sem entender nada que se passava. Por ser a República, um regime de governo onde a soberania popular deveria prevalecer. Era-lhe especialmente difícil, que o povo não parecesse interessado no título de cidadão o qual se lhe oferecia e pelo mesmo passaria a ser tratado. Tanto os