Resenha Os Bestializados
Autor da obra fragmentadamente analisada, José Murilo de Carvalho, é natural de Minas Gerais, nasceu em 1939. Tem doutorado em Ciência Política pela Universidade de Stanford. Foi pesquisador visitador nas universidades de Londres, Oxford, Califórnia (Irvine) e Leiden (Holanda) e no Instituto de Estudos Avançados de Princeton, na École de Hautes Études em Science Sociales.Atualmente é professor titular do departamento de História da UFRJ.Em 2004,foi eleito para a Academia Brasileira de Letras.
Em Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi, dentro de um enfoque voltado para a prática utilizada pelo autor, chama atenção logo no primeiro parágrafo a preocupação do mesmo em envolver o leitor para a delimitação de seu tema, demonstrando o enfoque em que deseja concentrar-se. No caso, uma visão que objetivava esmiuçar a relação estabelecida entre cidadania/povo/sistema político, dentro do recorte do momento de transição política do Império para a República. Não sem evidenciar o interesse em tentar entender que povo era este, qual seu imaginário político e qual sua prática política.2
Os posicionamentos iniciais de José Murilo fazem recordar historiadores como Michel de Certau, que em sua obra “A escrita da História” chega a explanar a importância do lugar social do historiador para a constituição da pesquisa historiográfica de cada um, pois a pesquisa é, inevitavelmente, submetida a imposições, ligada a privilégios, enraizada em particularidades3. O lugar social tem importância para o procedimento metodológico porque é em função dele que se escolhem metodologias, que se determinam interesses que permearam a pesquisa, quais fontes deveram ser analisadas, quais questões e propostas serão colocadas, como se dará a sistematização desse conhecimento. Peter Burke, em obra homônima a de Certau, ao criticar o paradigma