Resenha Daniel Roche
O período de maior importância da roupa na França ocorreu durante o reinado de Luís XIV, quando houve transformações do modo de vestir da sociedade parisiense. A obra de Daniel Roche desenvolve e proporciona a análise comportamental e jeito de viver do rico e do pobre, do real e do imaginário. A roupa é entendida como produção e marco cultural. O autor aponta também as informações que partem do inventário do consumo, a compra passa a ser o ápice dos mecanismos sociais, gerando mudanças na economia, nas normas religiosas, mudanças políticas e na sociedade. As normativas de aquisição e propriedade das roupas, seu uso e representação estão ligados à cultura material diante das restrições impostas pelas leis suntuárias, as quais prescreviam o tipo de indumentária permitida para cada grupo social, tendo um significado de protecionismo às manufaturas locais por parte da política da coroa.
A França que já era privilegiada passou a ser o centro do consumo onde a importância maior era a aparência. O comércio da capital mostrava seus produtos para todas as classes, desde pobres e desempregados até as camadas mais altas. Roche aponta que nesse momento é perceptível o confronto da hierarquia indumentária através das imitações e obsessões de produtos da moda. Havia em Paris toda uma teatralização das aparências de um ideal aristocrático; a aristocracia tentava se distinguir pela forma de vestir, para a sociedade a burguesia se vestia inadequadamente não atingindo o gosto aristocrático. A melhora da vestimenta deveria atingir apenas a nobreza e camadas dominantes, mas acabou se espalhando à maior parte da população. Roche aponta a economia dos guarda-roupas, o conteúdo dos armários clássicos à Revolução, a invenção da roupa-branca, a utilização da mesma era rara (restam apenas algumas em castelos) não usada