Resenha crítica do filme entre os muros da escola
O filme “Entre les murs”de Laurent Cantet retrata o cotidiano de uma escola pública da periferia francesa, protagonizado pelo professor François Marin e sua sala de aula.
Depois de assistir, imóvel, ao filme, também em sala de aula, descubro que o ator François Begadeau é , na vida real, o professor que ele representa, sendo o filme uma adaptação de um livro de sua autoria sobre relatos de seu cotidiano como docente.
Minha imobilidade e mudez durante o filme se deu primeiramente pelo fato de ser bombardeada por cenas extremamente reais e conflitantes, e em segundo lugar por ter o prazer e a dor de fazer parte deste universo.
Quando estamos de fora, geralmente fazemos ideias e críticas, no caso do Brasil geralmente negativas, sobre a questão da educação. Mas apenas quando somos inseridos nesse mundo, percebemos que não se tem ideia do que é falao antes de estar lá dentro. Me refiro ao mundo dentro de uma sala de aula de escola pública de periferia.
O filme, embora retrate o cotidiano francês de uma determinada região, espelha a realidade dessa batalha que vivem os professores em sala de aula. Apesar de a estrutura da escola francesa ser diferente da brasileira, e a mistura racial de estudantes ser ainda um fato ausente da maioria das escolas paulistas, permanece as inúmeras semelhanças, sobretudo no que diz respeito aos conflitos de relação estudante/professor, entre professores, professores/direção e desses com a familia dos estudantes.
O professor F.Marin é apresentado como alguém que tenta fazer da sala de aula um lugar não apenas para aprender conteúdos, mas lugar de reflexão e democracia, onde se possa ir além. Como em qualquer lugar do mundo, ele se encontra como um próprio muro para os adolecentes ali presentes que contestam e testam seus limites o tempo todo. Ele por sua vez, se depara com muros de choques culturais, de resistência e incompreensão buscando acertar, embora falhe algumas vezes, como todos