Resenha critica de O silêncio da chuva
Um romance policial brasileiro surpreende muitos. Um romance policial brasileiro bom surpreende ainda mais. Nunca havíamos ouvido falar sobre Garcia-Roza, muito menos sobre seu detetive Espinosa. Ao ler, percebemos alguns pontos fortes, a forma como apresenta seus personagens e suas características, por exemplo. Esse fato aliado à escrita simples e elegante do autor chama muito a atenção; bem como uma crítica implícita aos trabalhos da perícia e da polícia carioca, que por sua vez, por incompetência de ambas um caso teoricamente fácil se complicou, tornando-se um “bicho de sete cabeças”.
Além disso tudo, o fato de ter uma ambientação no Rio de Janeiro, com cenários como Copacabana, a leitura torna-se ainda mais prazerosa. Outra coisa que agrada é que o autor vai mostrando os raciocínios do seu policial, a maneira como a mente dele fica levantando e descartando as possibilidades. No entanto, Garcia-Roza comete alguns erros, que poderiam ter sido facilmente evitados.
Talvez para alguns o fato do leitor já saber de algo que a personagem principal não sabia seja interessante; mas para nós não foi. A narrativa antecipa diversas resoluções ao leitor, não dando tempo de tentarmos desvendar por nossa própria conta. Ainda assim, temos que acompanhar Espinosa tentando descobrir algo que a gente já sabe, tornando a leitura bastante cansativa.
No princípio do livro, Espinosa sofre pela falta de carisma. Não há um “pinch” forte o suficiente e temos vontade de largar o livro, já que é a investigação de um assassinato que não ocorreu.
Algumas pistas criadas são desnecessárias; a justificativa do crime é muito vaga e a resolução do caso é a pior possível, com um ato sexual narrado de forma seca, destoando de todo o resto. E pelo menos para nós, não parece muito provável que o último sujeito a morrer possa ter morrido da forma como ocorreu, levando em consideração a descrição que é dada a ele ao longo da história. Há,