Em alguma parte alguma
O talento contundente de Ferreira Gullar é posto a mostra mais uma vez em sua mais recente publicação, o livro de poemas Em alguma parte alguma.
A musicalidade gerada por assonâncias, aliterações e rimas bem empregadas cria um triângulo amoroso entre o poeta, sua obra e seus leitores, fazendo da leitura de cada poema um momento único.
Gullar consegue, nas três partes que compõe a obra, fazer florescer a poética da vida: esta nasce na aranha, que inocentemente caminha sobre um livro; passa pelo gato – amigo inseparável do poeta; caminha na Rua Duviver; viaja por planetas e galáxias; amadurece nas bananas podres (bananas essas que quase se tornam lendária); para, por fim, tornar-se eterna – assim como a morte com quem Rainer Maria Rilke se defronta.
Cada aspecto é, então, medido, comparado e analisado: a pequenez ganha magnitude em frente ao universo e ao tempo; comprovando, a cada um de nós, a grandiosidade de Ferreira Gullar. Não é à toa que Em alguma parte alguma lhe rendeu um Prêmio Camões, a maior distinção entregue a um autor de Língua Portuguesa.
FALAR
A poesia é, de fato, o fruto de um silêncio que sou eu, sois vós, por isso tenho que baixar a voz porque, se falo alto, não me escuto.
A poesia é, na verdade, uma fala ao revés da fala, como um silêncio que o poeta exuma do pó, a voz que jaz embaixo do falar e no falar se cala.
Por isso o poeta tem que falar baixo baixo quase sem fala em suma. mesmo que não se ouça coisa alguma.
Sinopse
O primeiro conto o mais antigo, denomina-se “Nova Califórnia” segue com o enredo fixando-se em algumas críticas austeras referentes à política e a sociedade. No primeiro conto, escrito por Lima Barreto, onde um químico se instala em uma pequena cidade e causa admiração e indignação aos moradores quando ficam sabendo que o cientista roubava ossos do cemitério da cidade em busca de material para fazer ouro. Mas no final, todos os moradores