RESENHA Caderno CRH
Fabiane Santana Previtali
David Harvey, geógrafo e professor de antropologia na City University of New York (Cony), coloca ao alcance de estudiosos e também do grande público uma obra audaciosa, fruto de uma análise crítica e rigorosa sobre o modo pelo qual o capital se movimenta em busca do lucro, buscando superar todas as barreiras que aparecem em seu caminho e submetendo toda a sociabilidade humana à lógica da acumulação.
Para Harvey, o sistema de capital é orientado para a expansão e a acumulação. Daí a necessidade de as empresas capitalistas estarem sempre em busca de novos mercados, redefinindo os espaços e formas de relação com a natureza, visando ao objetivo primeiro de melhor e mais eficiente controle do capital sobre a produção do valor. O resultado é o que ele chama de “compressão do tempo-espaço”, isto é, um mundo onde o capital se move cada vez mais rápido e as distancias são compactadas (p. 131).
O autor, como já vem demonstrando em seus últimos trabalhos, entre eles A Condição Pós-Moderna (1992, Loyola), realiza, em sua última obra, um estudo sobre o fluxo do capital que, num processo de mundialização crescente, territorialização e desterritorialização, tenta superar as barreiras a sua própria acumulação.
Harvey parte da discussão da crise econômica de 2008 para demonstrar que ela, assim como as anteriores, é intrínseca e inerente ao modo de produção capitalista. “As crises financeiras servem para racionalizar as irracionalidades do capitalismo.” (p. 18). Procede, então, a uma análise das crises no curso da evolução do capitalismo, na tentativa – bem sucedida – de explicar o processo
expansão e acumulação. Destaca que a taxa mínima de crescimento aceitável para uma economia capitalista saudável é de 3%/ano, isto é, com lucro para os capitalistas, segundo analistas econômicos. Ocorre que está se tornando cada vez mais difícil sustentar essa taxa, o que tem levado às crises em função da ascensão do capital financeiro