No texto de Aumont, estão presentes algumas considerações sobre aspectos do dispositivo, dentre eles o enquadramento. Aborda, então, a questão do ponto de vista, que pode resignar um local, real ou imaginário; “o modo particular como uma questão pode ser considerada”; uma opinião, sentimento com respeito a um fenômeno ou acontecimento. Os dois últimos sentidos correspondem a valores conotativos do enquadramento (julgamento sobre o que é representado, ao valorizá-lo, desvalorizá-lo, etc). Aborda também o desenquadramento, dizendo que todo um lado da história das imagens desde o início do século caracteriza-se por tentar escapar ao centramento comparável à materialização de um ponto de vista. O desenquadramento seria um enquadramento desviante (no que se refere ao quadro), que procura distinguir o enquadramento da equivalência automática a um olhar. No cinema, o desenquadramento possui um propósito, estilístico ou ideológico, de escapar ao tradicional centramento representativo. O desenquadramento trabalha o dispositivo e, portanto, foi definido como operação ideológica, desnaturalizante. Segundo o autor, é um princípio que aciona a relação do espectador com a imagem e com seu quadro. Além de se viver no tempo, as imagens também existem no tempo. Existem duas categorias de imagens: as não temporalizadas – são idênticas a si próprias no tempo (uma pintura ou uma fotografia) – e as temporalizadas – sofrem modificações ao longo do tempo sem intervenção do espectador (cinema e vídeo). Outras classificações também vão interferir na dimensão da imagem: imgem fixa versus imagem móvel; imagem única versus imagem múltipla, que se definem através do espaço (por exemplo, observar um dispositivo por várias horas e observar várias dispositivo pelo mesmo número de horas); imagem autônoma versus imagem em sequência – critério mais semântico, em que a sequência é uma séria de imagens vinculadas por sua significação. Em suma, o mecanismo dos dispositivos temporais é múltiplo. A