Resenha Admirável Mundo Novo
O cientificamente possível é eticamente viável? O “Admirável Mundo Novo” (Editora Globo; 314 páginas) escrito por Aldous Huxley deixa essa dúvida como legado. A sociedade criada pelo escritor inglês se passa em 634 d.F. (depois de Ford) e é organizada por castas pré-determinadas. Seguindo os conceitos de Henry Ford em relação a produção em massa, seres humanos passam a ser criados em laboratório por meio do Processo Bokanovsky, que permite que em um único óvulo sejam fecundados 96 gêmeos. Todos são criados, manipulados biologicamente e condicionados a pertencerem a uma determinada casta, seguir um padrão de hierarquia e serem felizes com a situação. Para quando tal felicidade se esvaísse, a soma – uma espécie de droga que faz com que a pessoa fuja da realidade por tempo suficiente para voltar a sentir-se satisfeita – estaria para resolver. A felicidade e o prazer devem ser instantâneos, fazendo com que o conceito de família tenha se tornado obsleto.
Nesse contexto, o leitor é apresentado a Bernard Marx, um indivíduo da casta mais alta que começa a se questionar sobre os padrões em que vive, por ver Lenina – de casta mais baixa – de forma mais profunda, forma que os relacionamentos superficiais adotados pela sociedade não seriam capazes de suprir.
Diante disso, a história escrita por Aldous Leonard Huxley – uma mente muito além do seu tempo – impressiona por ser uma distopia que se encaixa perfeitamente aos dias atuais. Talvez, entretanto, Huxley estivesse destinado a ser o gênio que foi devido a linhagem que o antecedeu. A tia-avó, Humphrey Ward destacou-se por ser presidente da liga britânica das mulheres em busca do direito do voto e por escrever artigos durante a primeira guerra mundial. O pai, Leonard Huxley destacou-se como editor da revista Cornhill. O irmão mais novo, Julian Huxley, ganhou respeito como diretor-geral da Unesco. E Aldous, vindo dessa generosa genealogia, não deixando por menos, teve seu grande destaque com a publicação, em