Reprodução social na agricultura familiar
Autor: CORADINI, Lucas
Instituição: Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Introdução
A reprodução social na agricultura familiar depende da sucessão por um dos herdeiros da família, que, desde a infância, são socializados no trabalho agropecuário e inseridos numa divisão familiar do trabalho. Esta lógica de reprodução encontra-se ameaçada à medida que os jovens agricultores familiares formulam projetos profissionais e de vida que rompem com a continuidade na atividade agrícola (CAMARANO &
ABRAMOVAY, 1999). Dizemos então que há uma crise na sucessão hereditária da agricultura familiar.
Na juventude, expressam-se os conflitos e tensões sobre a manutenção de determinado modo de vida, negando ou reafirmando a tradição cultural que lhe foi transmitida através do processo de socialização. O futuro da agricultura familiar passa pela visão que as jovens têm sobre seu próprio futuro, a partir das avaliações e representações que elaboram sobre o universo rural e urbano e sobre o trabalho agrícola e não-agrícola.
Este estudo objetiva compreender a situação dos jovens no contexto rural, especialmente em relação a sua socialização, inserção no trabalho agrícola familiar e nas relações sociais que desenvolvem em suas comunidades. Ao analisar as representações que os jovens formulam sobre a realidade que vivenciam, dão-se as bases para o entendimento de seus projetos profissionais e, por conseqüência, passamos a elucidar os determinantes da migração juvenil do meio rural. A tarefa sociológica proposta é a de apontar os traços distintivos da situação juvenil na agricultura familiar a partir dos elementos considerados na elaboração de seus projetos profissionais. Preocupamo-nos em analisar como estes sujeitos percebem a condição de jovem, trazendo à discussão suas avaliações e seus esquemas