Pluriatividade
Maria José Carneiro
Com o seu novo livro, Sergio Schneider oferece uma contribuição ao conhecimento sociológico referente ”à elucidação dos mecanismos e das estratégias que explicam como as unidades familiares de agricultores se relacionam com a sociedade e de que modo tais relações afetam e alteram sua própria existência” (p. 16). Em termos mais específicos, o livro é orientado para entender o fenômeno da pluriatividade como uma nova estratégia da reprodução social das unidades familiares agrícolas.
Percorrendo uma postura teórica heterodoxa, Sergio Schneider enfatiza a necessidade de uma fértil interlocução entre abordagens distintas como condição para se avançar a teoria social contemporânea. O autor segue a risca esse compromisso, realizando um diálogo criativo – e isento de preconceitos – com contribuições de matizes diferenciados. Sua concordância com as linhas gerais da análise da Sociologia da Agricultura, especialmente com a abordagem de Marsden, sobre o contexto social e econômico do capitalismo contemporâneo que emoldura o fenômeno da pluriatividade, não o impede de levantar críticas a essa vertente interpretativa quanto à participação da agricultura familiar nos processos agrários contemporâneos. Nesse sentido, o autor chama a atenção para o papel das unidades familiares como atores dos processos sociais e, assim, orienta o seu foco de interesse para as dinâmicas microssociológicas, colocando ênfase nas estratégias familiares de reprodução social. A opção em selecionar a família rural como unidade de análise não desvia o olhar de Sergio Schneider para a complexidade das relações sociais que são aí engendradas, no esforço de pensar dialeticamente a articulação entre os universos macro e microssociais, entre o geral e o particular, entre a sociedade e o indivíduo. Embora seja um trabalho que pretende ser comprovado por dois estudos de caso, contribui para a reflexão acerca de uma