Religiões afro
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ACIMA, LOGUN-EDÉ, JOVEM CAÇADOR.
R E V I S T A U S P , S Ã O P A U L O ( 2 8 ) : 6 4 - 8 3, D E Z E M B R O / F E V E R E I R O 9 5 / 9 6
REGINALDO
PRANDI
As religiões negras do Brasil
Para uma sociologia dos cultos afro-brasileiros
AS RELIGIÕES NEGRAS NA SOCIEDADE BRANCA
O quadro das religiões negras, ou religiões afro-brasileiras, é bastante diversificado. Em seu conjunto, até os anos 30 deste século, as religiões negras poderiam ser incluídas na categoria das religiões étnicas ou de preservação de patrimônios culturais dos antigos escravos negros e seus descendentes, enfim, religiões que mantinham vivas tradições de origem africana. Formaram-se em diferentes áreas do Brasil, com diferentes ritos e nomes locais derivados de tradições africanas diversas: candomblé na Bahia, xangô em Pernambuco e Alagoas, tambor de mina no Maranhão e Pará, batuque no Rio Grande do Sul, macumba no Rio de Janeiro.
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REGINALDO PRANDI é professor do Departamento de Sociologia da USP e autor de, entre outros livros, Os Candomblés de São Paulo: a
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1 Para as diferentes modalidades religiosas afro-brasileiras, ver Bastide 1975, 1978; Carneiro 1936; Rodrigues 1935; Motta 1985; Pinto 1935; S. Ferretti 1986; M. Ferretti 1985, 1994; Eduardo 1948; Herskovits 1943; Corrêa 1992; Oro 1994; Prandi 1991a, 1993; Santos 1995; Braga 1992; Camargo 1961. 2 Camargo 1961; Concone 1987; Ortiz 1978.
Na Bahia originou-se também o muito popular candomblé de caboclo e o menos conhecido candomblé de egum. Mais recentemente, no Rio de Janeiro e depois em São Paulo, constituiu-se a umbanda, que logo se disseminou por todo o país, abrindo, de certo modo, caminho para uma nova etapa de difusão do antigo candomblé. O Nordeste foi berço também de outras modalidades religiosas mais próximas das religiões indígenas, mas que cedo ou tarde acabaram por