Religiões Afro

Análise do artigo “Bahia de todas as Áfricas”

Os documentos sobre as religiões afro-brasileiras do século XIX, basicamente, possuem duas fontes, notícias de jornais e registros policiais. Contudo, ambas as fontes, de modo geral, apresentam informações distorcidas, incompletas e até inverídicas. Isso porque, em tal época, a religião oficial do Brasil era o catolicismo, trazido pelos brancos e de origem portuguesa. O que levou as religiões afro-brasileiras a serem encaradas como bruxaria, sendo então reprimidas, condenadas e marginalizadas. Desse modo, na elaboração das informações sobre essas crenças, que em sua maioria se davam em forma de denúncias, já havia uma ideia pré-concebida, resultando no descaso com a qualidade e veracidade das informações prestadas. Hoje, em pleno século XXI, ainda há resquícios de tal visão premeditada, pois há certa marginalização dessas religiões, a qual se enraizou na cultura do país e é propagada por instituições religiosas dominantes que mantêm a mesma visão do século XXI.
Os escravos importados durante a primeira metade do século XXI eram originários, em sua grande maioria, de dois povos: gbe, conhecidos na Bahia como jeje e iorubas, conhecidos na Bahia como nagôs. As tradições religiosas desses dois povos predominaram no candomblé da Bahia no século XIX, contudo no final do período oitocentista, a tradição dos nagôs se tornou hegemônica. Neste período, a concentração das atividades do candomblé se dava nos subúrbios, embora haja relatos também nas cidades.
Grande parte dos líderes do candomblé havia nascido livre, ou se tornado devido à aquisição da alforria por compra ou doação. A liderança religiosa exigia bastante dedicação, porém se mostrava insuficiente, quase sempre, para garantir a sobrevivência dos líderes, que trabalhavam como negociantes, quitandeiros, ambulantes e vendedores.
A maioria dos líderes identificados no período oitocentista da Bahia era nascida na África, mas também havia líderes pardos, crioulos e até