Religião e Sociologia
O debate sociológico contemporâneo sobre a teoria da secularização
José de Jesús Legorreta Zepeda
Tradução de Paula Carpenter
Introdução
A religião sempre foi um fenômeno sociocultural inevitável quando se tenta analisar e compreender qualquer sociedade. Já os chamados clássicos da sociologia (Comte, Durkheim, Marx,
Weber e Parsons, entre outros) manifestaram de diversas perspectivas a importância desta questão para compreender a origem, a natureza e o sentido das sociedades modernas. A maioria desses autores, concentrando sua atenção particularmente no caso europeu, coincidiram com que o advento da modernidade traria consigo o deslocamento do centro da vida da sociedade para a periferia, assim como transferiria algumas funções essenciais que a religião desempenhava nas sociedades tradicionais
(legitimação, coesão social, sentido etc.) a outras
Artigo recebido em janeiro/2009
Aprovado em novembro/2009
instituições e referências simbólicas. Alguns autores inclusive chegaram a pensar que com a modernização da sociedade a religião poderia decrescer ou até desaparecer. A este conjunto de mudanças pelo qual a religião perde sua relevância social, ideológica e institucional é o que genericamente chamamos secularização.1 A partir do último terço do século XX, começou a tomar força a opinião de que o projeto da modernidade estava em crise, e com ele alguns dos principais projetos e promessas. Entre muitos outros sintomas de tal situação, a religião seria, sem dúvida, um elemento referencial, já que em vez de desaparecer, como haviam sugerido diversas vozes desde o século XIX, não somente resistia nas suas diversas formas, como também começava a se assistir com assombro um intenso e extenso surgimento de novos movimentos religiosos. O problema então já não seria como explicar o declínio da religião
(questão para a qual tentava dar respostas a teoria
RBCS Vol. 25 n° 73 junho/2010