Relatório “Dialética da Malandragem”
CANDIDO, Antonio. Dialética da malangragem. In: O discurso e a cidade. SP: Livraria Duas Cidades, 1993, pág. 19-54. SINOPSE
Antonio Candido pretende analisar, a partir do protagonista de Memórias de um sargento de milícias, o anti-herói picaresco Leonardinho, aliando este a uma figuração do surgimento da malandragem, no tempo de Dom João VI, em que inicialmente (ou seja, a partir do nascimento) seria o ingênuo, de origem humilde, mas que conforme sua áspera realidade, posto que é jogado ao mundo,mesmo não tido sido abandonado, ele acaba se seduzindo “à mentira, à dissimulaão, ao roubo, e constitui a maior desculpa das picardias”, como se as hostilidades por ele vivenciadas fomentassem certas ações de espertezas individualistas sem remorso algum, exercendo papel quase como auto-defesa.
Este Leonardo Filho, “esvaziado de lastro psicológico e caracterizado apenas pelos solavancos do enredo”, como expõe Candido, nunca aprende com suas experiências, e cabe ao leitor as poucas reflexões morais. O ponto fundamental da análise de Antonio Candido é a do malandro, aludido por este personagem, em que suas astúcias servem apenas para livrá-lo dos problemas com a lei ou mesmo com o convívio de outros, para por fim sempre tirar vantagem de tudo e de todos, contando seu destino sempre à sorte, e sempre a presenciando. Essa ficção possuí representações sempre mais gerais, fazendo com que esse aspecto popularesco elevasse a obra ao universo do folclore, vestindo-se assim sempre de tradições populares da primeira metade do século XIX.
COMENTÁRIO
O grande cerne do texto de Candido se baseia na própria ideia que a partir do título já se pode abrir a discussão, a começar pelo o que seria a “Dialética”: ela seria a nuance entre o positivo e o negativo,