Relacionamentos de Vitrine
Pr. Marcos Baptista Mendes
Sábado à tarde, quase noite. Um burburinho que se mistura à diversidade de sons compõe uma sinfonia bem particular, marcando o ritmo dos passos da massa que flui pelos corredores lustrosos e coloridos. Os olhares são expressivos, pois denotam um sem fim de emoções que se contrapõem: sofreguidão e desinteresse, alegria e tristeza, satisfação e insatisfação, expectativa e decepção, aborrecimento e prazer, curiosidade e desinteresse, cansaço e vigor, entre tantas outras sensações. As tribos misturam-se por entre as vielas apinhadas, para tomar, cada qual seu espaço em territórios definitivamente demarcados por modelos, marcas e sabores. A impressão que se tem é que o mundo invadiu estes espaços ou que alguém, propositadamente, condensou os espaços urbanos em um labirinto de lojas, bancos, lanchonetes e locais de diversão, como um palco com múltiplos cenários, onde cada um tem seu papel definido. As pessoas que trafegam por essas “vias de sonho” (ou de pesadelo) parecem sob o efeito de hipnose, como se ao passar pelas portas que dão acesso ao interior desses locais, passassem a viver a ilusão de que sabem o que vão fazer ali. E isso ocorre, porque esses espaços foram construídos para nos dar a sensação de que entramos unicamente com um propósito predeterminado, sobre o qual temos controle, todavia, sua função real é nos introduzir, nos dominar e prender, no universo do consumo. É óbvio que o leitor já deve ter identificado que estamos falando de um shopping center. Mas o propósito deste texto não é tratar acerca dos shoppings e os serviços que neles encontramos. O âmago da discussão encontra-se no que eles representam como locais públicos dentro de um fenômeno que atualmente, tem-se mostrado bastante significativo e do qual se tornaram um ícone de indiscutível evidência: o consumismo. Mais do que tratar sobre consumismo, a ideia é refletir sobre ética em um mundo, onde somos tratados,