A Reforma agrária e os conflitos por posse de terra são fruto da história de uma nação que iniciou a divisão de terras por meio das capitanias hereditárias no início da colonização portuguesa, assim sendo, grandes extensões de terras foram doadas pelo rei a poucos donatários (os “puros de sangue”), enquanto os escravos, índios, etc., não tiveram o mesmo direito. Essa época voltou-se exclusivamente para o latifúndio e monocultura, e assim, nesse contexto, em diversas regiões surgiram focos de luta que pouco a pouco foram se articulando em prol de seus objetivos. Com o fim do tráfico negreiro, em 1850, e com a existência da Lei de Terras, neste mesmo ano, os ex-escravos e imigrantes sem recursos financeiros ficaram sem terra para trabalhar e viver. O processo de urbanização ocorrido em meados do século XX e os atrativos dos centros urbanos, bem como o processo de mecanização da agricultura, levaram ao êxodo rural e à segregação nas grandes cidades. Aumentou, assim, a concentração fundiária e o pequeno agricultor, que não migrou, teve suas dificuldades ampliadas, época então que marcou a transformação da estrutura produtiva, o padrão tecnológico e as relações de trabalho (trabalho assalariado). Com o aumento massivo da mão-de-obra assalariada nas grandes propriedades, surgiu assim os trabalhadores ditos “bóias-fria”, que normalmente vivem em vilas periféricas das cidades do interior, favelas ou barracões das usinas, e transportados diariamente para o local de trabalho, as grandes lavouras, onde trabalham sob condições precárias de contratação e remuneração, além de trabalhos penosos e falta de segurança no serviço. Começa então, por volta da década de 1970 essas pessoas a se organizarem para discutir assuntos referentes às posses de terras, e a concentração capitalista na mão de poucos proprietários. Mas foi em 1984 que houve a primeira reunião formal entre eles na cidade de Cascavel no Paraná, e no ano de 1985 o primeiro congresso nacional na qual