Reflexões sobre memória
Podemos dizer que a memória é um tipo de ponte entre o mundo atual e o mundo passado. Ela nos transporta há qualquer época se precisarmos de algo da antiguidade. Memória não é somente aquilo que é lembrado, memória também é aquilo de que a gente não se lembra, e que está retido no inconsciente, pode ser encarada como uma defesa do esquecimento.
Há séculos atrás para os antigos gregos, a memória era sobrenatural.Um dom a ser exercitado. A deusa Mnemosine, mãe das Musas, era protetoras das artes, o que possibilitava aos poetas lembrar do passado e transmiti-lo aos mortais. A memória e a imaginação têm a mesma ‘função’: lembrar e inventar. Aos poetas ficava o dever de não deixar se perder o que era importante do esquecimento.
Hoje em dia temos muitos recursos para que isso não aconteça. Vivemos numa era tecnológica, onde as memórias ficam registradas em computadores, câmeras, chips, etc. Há uma infinidade de opções para que as pessoas não se esqueçam do que foi vivido, embora elas se esqueçam somente no plano real, pois inconscientemente tudo permanece.
As pessoas, os outros, nos provocam lembranças, portanto memória não é algo exclusivamente individual, é algo coletivo, compartilhamos dela. É uma construção que acarreta uma representação seletiva do passado do indivíduo inserido num contexto familiar, social, nacional. A história vivida de um lugar ou de uma pessoa pode transformar-se em um fundamento para o conhecimento do próprio cotidiano, onde a memória torna-se essencial para a ciência da mesma, podendo também por decorrência de ações ou simplesmente por acaso, essa história ser dissolvida na lembrança, esquecida. Lembrar é reconstruir com fatos atuais, as vivências do passado. É uma questão de sobrevivência esquecer em partes, de quem você é de verdade para se adequar em determinados grupos sociais. Para que um individuo se adapte a certo tipo de classe social, é necessário que ele abandone parte de sua