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8693 palavras
35 páginas
DOI: 10.5216/PHI.V17I2.18860ARTIGO ORIGINAL
NIETZSCHE, A MEMÓRIA E A HISTÓRIA:
REFLEXÕES
SOBRE
A
SEGUNDA
1
CONSIDERAÇÃO EXTEMPORÂNEA
Anna Hartmann Cavalcanti (UNIRIO)2 anna.hart.cav@gmail.com Resumo: Desde 1869 e ao longo de todo o período em que escreve o ensaio
“Da utilidade e desvantagem da história para a vida”, publicado em 1874,
Nietzsche é professor de filologia clássica na Universidade da Basileia. Nesse período, reflete criticamente sobre as questões teóricas e metodológicas de sua disciplina, enfatizando que se o estudo da Antiguidade deve se ater à análise e crítica das fontes, ele perde, com isso, o contato com seu próprio tempo, tornando-se um saber desvinculado das questões fundamentais de sua época. Nietzsche propõe estabelecer com o passado uma relação diferente daquela do cientista moderno: enquanto este vê a história do ponto de vista do puro conhecimento, o professor da Universidade da Basileia procura no passado um modelo capaz de suscitar reflexão no presente, estabelecendo um confronto entre culturas distintas, com diferentes estruturas de valores, a fim de criar um distanciamento em relação às formas de pensamento cristalizadas na modernidade. Neste artigo pretendo mostrar como Nietzsche, a partir das noções de a-histórico e supra-histórico, procura investigar a questão do valor da história, contrapondo à concepção do passado como puro conhecimento uma concepção vinculada à vida e à ação que seja capaz de gerar o futuro.
Palavras-chave: memória; história; a-histórico; supra-histórico.
INTRODUÇÃO
No prefácio de 1886 a Humano demasiado Humano
1
Recebido: 08-06-2012/Aprovado: 15-10-2012/Publicado on-line: 27-02-2013.
Anna Hartmann Cavalcanti é Professora Adjunta Universidade Federal do Estado do Rio de
Janeiro - UNIRIO, Rio de Janeiro, Brasil.
2
PHILÓSOPHOS, GOIÂNIA, V.17, N. 2, P. 77-105, JUL./DEZ. 2012
77
Anna Hartmann Cavalcanti
Nietzsche fez a seguinte observação sobre a segunda
Consideração Extemporânea:
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