Reflexão e meditação: dúvidas existenciais
É comum do ser humano pensar, pelo menos uma vez na vida, qual a necessidade de todos os processos que ele tem que passar durante a sua existência. Qual o motivo de estudar, trabalhar, constituir uma família, se no fim sua vida vai se esvair? Os mais céticos chegam até mesmo a por em dúvida todas as questões que uma vez possuíram como verdade inabalável; suas crenças, a existência de um corpo, de um Deus, até mesmo a sua própria existência. As coisas que podem ser postas em dúvida é também a reflexão principal da obra “Meditações sobre a filosofia primeira” (1999), do filósofo René Descartes, na qual ele procura refletir sobre as questões que são inteiramente falsas, parcialmente verdadeiras, ou indubitáveis verdades, como por exemplo, segundo ele, a existência de Deus.
Sendo assim, o presente texto tem por finalidade tratar, de forma sintetizada, essas questões discutidas na obra de Descartes, mais especificamente em sua primeira meditação: “Sobre as coisas que podem ser postas em dúvida”, e em sua quinta meditação: “Sobre a essência das coisas materiais e, de novo, sobre Deus: que ele existe”.
Como afirmado anteriormente, muitas coisas que são tidas pelo ser humano como verdade podem ser colocadas em dúvida. Essa questão é a temática principal de Descartes em sua primeira meditação. Segundo Descartes (1999) é comum para um ser tomar coisas falsas como verdadeiras sem perceber realmente o quão duvidosas elas podem ser. Para ele, para conseguir algum fundamento firme e permanente, é necessário primeiramente que todas as opiniões que até então são tidas como verdadeiras passem a ser desconsideradas.
Para isso, Descartes (1999) parte do pressuposto de que, se um ser não possui o poder de reconhecer algo verdadeiro, ele pode pelo menos negar aquilo que é falso. Logo, ele estabelece uma regra com relação à sua reflexão, a de que para derrubar uma opinião basta que ela seja de alguma maneira duvidosa, não sendo necessário