Fenomenologia
Antonio Paim
(Instituto de Humanidades)
1 – Principais ciclos da aproximação à fenomenologia
Na visão de Alexandre Morujão, para a disseminação da fenomenologia de
Husserl muito contribuiu a perseguição que lhe moveu o nazismo, acarretando, entre outras coisas, a espetacular recuperação de sua obra para a organização dos Arquivos de
Husserl, na Universidade de Louvain. A simples atividade editorial desenvolvida entre o início do pós-guerra e fins da década passada – quando se publicaram 25 volumes da chama Husserliana – serviu para constituir um ativo grupo de pesquisadores, que alcançaram grande nomeada em todo o mundo pelo significado de seus estudos. Nos
Estados Unidos, em torno da revista Philosophy and Phenomenological Research mantém-se vivo o interesse pelo desenvolvimento das idéias de Husserl. Assinale-se também a repercussão do livro de Georges Gurvitch (1894-1965) Les tendances actuelles de la philosophie allemande, Paris, 1930.
Tenha-se presente que os textos básicos da Escola de Marburgo, de onde provém toda a meditação subseqüente, inclusive a fenomenologia e o existencialismo, não foram sequer traduzidos. Em decorrência disto, o conhecimento da obra de Hermen
Cohen foi muito prejudicado. No tocante à fenomenologia ocorreria precisamente o contrário. No bojo da difusão do pensamento de Husserl, desperta-se o interesse pela obra de Heidegger e principais representantes do existencialismo, do mesmo modo que pelos autores vinculados ao culturalismo.
No caso do Brasil e presumivelmente de Portugal, verifica-se um primeiro ciclo do que se poderia denominar de difusão das idéias da fenomenologia, seguindo-se o que se convencionou chamar de “Diálogo com Husserl”. Procedo adiante à base caracterização de ambos os ciclos.
2 – O ciclo inicial de difusão
O conhecimento da obra de Husserl data, no Brasil, dos anos trinta. Contudo, acha-se restrito a pequeno número de estudiosos. Difusão mais ampla