Redação Forense
Não raro, no início da carreira, o entusiasmo gerado pela nova oportunidade de expressar num processo, o que se aprendeu teoricamente em vários anos, pode produzir o fenômeno da prolixidade.
Daí, para cada caso, tome-se um fausto catatau de laudas, recheadas de termos técnicos e insólitos, cuidadosamente pinçados do repertório do Aurélio, vertendo copiosamente palavras que se enfileiram para vestir nem sempre muitas idéias.
A experiência e a reflexão porém, se encarregam de sacudir e depurar este estilo - que o eufemismo levaria a denominar de generoso e abundante - fazendo despregar o excesso, porque revelam a grande vantagem que lhe sobrepõe a síntese - compressora das palavras vazias.
Isto ocorre, a partir do momento em que o culto profissional se abdica do deleite proporcionado pela rima, sonoridade e jogo de palavras - em detrimento do conteúdo e da clareza - e da obrigação sentida de reproduzir tanta coisa que lhe foi depositada no recipiente mental, durante sua longa imersão em diversas correntes doutrinárias, muitas delas inconciliáveis, ministradas na graduação. Compreende-se. O neófito profissional não merece guardar tudo apenas pra si, muitas vezes, precisa de um desafogo.
E também, quando passa a pensar sobre os efeitos do escrito no destinatário. Notório nos dias atuais, que juízes, promotores, advogados, serventuários, todos vivem o drama do tempo. O trabalho se avoluma, as informações também, os prazos pressionam. E o consumidor da justiça, aprende a cada dia, a exigir não só os direitos postos na confiança do judiciário, mas também celeridade.
Isto modificou o valor dos extensos arrazoados, de perorações infindáveis típicas de uma época remota em que nada açodava, os dias eram longos. Os extensos trabalhos,