Recrutamento e seleção
Segundo a professora Marisa Eboli (2006, p.60), um dos princípios da universidade corporativa é a sustentabilidade – a UC deve “ser um centro gerador de resultados para a empresa”. A Dell Anno, fábrica de móveis sediada em Bento Gonçalves, na serra Gaúcha, levou essa recomendação bem a sério: diferentemente do que ocorre na imensa maioria das universidades corporativas, na UC da Dell Anno o executivo que quiser estudar tem que pagar.
E não pense que são valores simbólicos: um curso para lojistas com 72 horas de duração sai por cerca de 10 mil reais. Ou seja, aproximadamente, 138 reais a hora-aula, valor superior ao de qualquer MBA.
Na verdade, quando decidiu implantar sua UC, a Única indústria de Móveis S/A – proprietária das marcas Dell Anno, Favorita e New – não pensava em lucrar nem em mudar o foco do seu negócio para a educação. O objetivo era o de combater o desperdício que vinha ocorrendo. Segundo declarou na época o presidente Frank Zietolie à revista Exame, antes de inaugurar a Universidade a Dell Anno agia como a maioria dos franqueadores: oferecia treinamento gratuito em atendimento e vendas aos donos e gerentes de franquias.
Contudo, a direção percebeu que esse investimento estava virando fumaça devido a alta rotatividade de pessoal. De cada dez pessoas treinadas, apenas três permaneciam na empresa nos doze meses seguintes. O modelo pago foi, então, a maneira que a organização encontrou para que os franqueados passassem a valorizar o treinamento recebido.
No começo, foi difícil convencê-los, visto que estavam acostumados ao sistema gratuito. Marcelo Rossi, gerente de treinamento da Única, conta que passou quase três meses em peregrinação pelo país explicando os motivos aos lojistas. Mas, passado o susto inicial, a receptividade surpreendeu. A primeira turma lotou – e parece que o investimento salgado valeu a pena: segundo dados da empresa, as lojas que participaram desse primeiro curso cresceram 60% nos dois