Realismo em portugal
A Geração de 70 vai criando um novo romantismo, demasiadamente limitado aos problemas e obsessões nacionais (que chega a Portugal por influência estrangeira europeia: irreligiosidade de Loisy e Renun; inconformismo com a tradição, fruto dos avanços da ciência e técnica, que originam a crença de que o Homem superaria os seus limites; supremacia da verdade física, com o desenvolvimento das ciências exatas e experimentais; novas teorias filosóficas - idealismo de Hegel, socialismo de Proudhon, Positivismo de Comte, e evolucionismo de Darwin e Lamark - que levam à crença nos princípios de justiça e igualdade; materialismo optimista graças ao progresso técnico, que explica o atraso do passado pela passividade do Homem e a sua crença nas forças sobrenaturais), provocando uma verdadeira revolução cultural: repensa e questiona toda a cultura portuguesa desde as origens, fixando-se no ponto alto das Descobertas; pretende preparar uma profunda transformação na ideologia política e estrutural social portuguesas (isto é, a revolução republicana de 1910). A questão Coimbrã, embora não tivesse sido ainda o confronto entre Romantismo e realismo, cria as condições para a instauração do Realismo em Portugal, na medida em que se acentua o papel que cabe à literatura como fenômeno de intervenção crítica na vida da coletividade.
Eça de Queirós definiu o Realismo como "uma base filosófica para todas as concepções de espírito - uma lei, uma carta de guia, um roteiro do pensamento humano, na eterna região do belo, do bom e do justo, (...) é a crítica do Homem, (...) para condenar o que houver de mal na nossa sociedade. (...) É não simplesmente o expor (o real) minudente, trivial, fotográfico, (...) mas sim partir dele para a análise do Homem e sociedade”.
As características gerais do Realismo são: a análise e síntese da realidade com objetividade, em oposição à subjetividade romântica; exatidão, veracidade e abundância de pormenores, com o retrato