Raquel rolnik
Outra perspectiva da autora bastante peculiar de definir cidade, é sua visão um tanto quanto “artística” de enxergar esse “fenômeno capaz de se fazer sentir no corpo de quem dele se aproxima”, uma forma de escrita, já que para ela , na história os dois fenômenos - cidade e escrita - ocorrem quase simultaneamente, impulsionados pela necessidade de memorização, medida e gestão do trabalho coletivo; e na cidade é através da escrita que se registra a acumulação de riquezas e conhecimentos. Assim como a arquitetura, que é continente e registro da vida social. É como se a cidade fosse um alfabeto com o qual se montam e desmontam palavras e frases, contando sua própria história e deixando-a gravada para as gerações futuras.
Ao meu ver, foram muito precisas e contingentes as definições feitas pela autora, até mesmo o paralelo traçado entre cidade e imã, onde a cidade seria um grade campo magnético que atrai, reúne e concentra os homens. A forma leve e sagaz de escrever da autora, torna a reflexão de cidade mais fácil e agradável, passando quase que despercebida a aquisição de tanta informação, como na comparação feita entre as cidades antigas e as cidades contemporâneas : “ Ao contrário da cidade antiga, fechada e vigiada para defender-se de inimigos internos e externos, a cidade contemporânea se caracteriza pela velocidade da circulação; são fluxos de mercadorias, pessoas, e capital em ritmo acelerado,